sábado, 19 de setembro de 2009

Talvez poema

Nós
Somos a voz
que nasce do silêncio primordial
metamorfose do tempo
da palavra
do caldo cósmico
de que nos fazemos

Nós
que viajamos
que chegamos
que partimos
que andamos
de cá para lá
de lá para cá
ao deus dará
que pensamos
que fugimos de

Nós
que dormimos
que acordamos
que fingimos
que dormimos
quando acordamos
(e o contrário também)
que duvidamos que pensamos
quando pensamos que duvidamos
que falamos de

Nós
que dizemos
que nos fazemos
uns com os outros
aqui e agora
olhando o futuro
que habita a memória de

Nós
que acreditamos
que amamos
que magoamos
que gritamos
que silenciamos
o outro que somos

Nós
que calamos a tristeza
no silêncio das lágrimas
que nos regam
a alma
o olhar
a sombra
que nos empurra os passos
peregrinos de

Nós
que somos
nós da rede de babel
comunidade
gesto
palavra
frutos maduros do tempo
que havemos de colher
que havemos de comer
uns com os outros
falantes
caminhantes
que havemos de dizer
o sonho
que habita em

Nós
que somos homens

2 comentários:

Elenáro disse...

Gostei muito do poema Jad. Uma belíssima descrição do que é ser humano.

jad disse...

Obrigado, Elenáro.
Era o que pretendia para o "Nós". Mas... o tempo come-nos sem darmos conta e sem piedade. É o nosso fado: deixamo-nos dominar pelo quotidiano aspirando sempre pela sua superação naquilo que pensamos e escrevemos. Umas vezes olhamo-nos neles e gostamos, outras nem por isso...
Obrigado.