Ontem fui a um funeral. Mais do que uma celebração da morte é, desde que o hominídeo começou a proteger e a alimentar os seus mortos, um ritual de passagem. Claro que se nos põe o problema da imortalidade. Como sempre se nos pôs: o que acontece quando se morre? A imortalidade é apenas a imortalidade da memória? Haverá razões para acreditar ou confiar na imortalidade da alma? Mas para isso é preciso admitir a existência da alma. E a alma existe? A dicotomia alma/corpo, que alimentou (e alimenta) uma boa parte da nossa cultura ocidental (e que Damásio, erradamente, disse ser o "erro de Descartes") tem muitas pontas por atar. Mas somos apenas corpo, cérebro? Estarão erradas todas as culturas, que se desenvolveram ao lado da cientificidade ocidental, erradas? Apenas a realidade demonstrada cientificamente é verdadeira? Mas, sabemo-lo muito bem hoje, o conheciemnto científico é uma construção humana, portanto, frágil, imperfeita, duvidosa, reformulável, refutável. Podemos confiar na ciência que nos diz que a alma não existe porque não há nada no cérebro que o mostre? Não aconteceu o mesmo com os diferentes passos da ciência que refutavam os passos anteriores? Podemos afirmar com segurança que o que vemos é o que vemos? Poderemos afirmar que a vida humana se baliza entre o nascer e o morrer? Poderemos recusar saberes que apontam para vivências anteriores ao nascimento próprio, simplesmente porque não há provas científicas, isto é, porque não foi experimentalmente verificado ou teoricamente demonstrado? Poderemos?
Tantas perguntas! Tão poucas respostas!
Seja como for, fiquemos com o génio humano numa das suas melhores criações: Mozart, Requiem.
domingo, 16 de agosto de 2009
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