Não sei!
Da luz da varanda do meu quarto
proclamo bem alto
(para que não restem dúvidas)
a qualidade do meu não saber;
proclamo com a voz que me faz viver
(para que todos fiquem a saber)
a clareza da minha certeza;
proclamo com a força do eco do meu grito
(para que todos fiquem convencidos)
a minha ignorância sobre o amor a vida a morte
e o futuro que me espera
entre tantas coisas sábias que os sábios sabem
e eu não sei.
Espero vivo e amo.
É-me bastante.
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10 comentários:
JAD
Gostei mesmo!
Parabéns
Obrigado, Miguel. É sempre uma alegria ver-te cá.
Abraço
caro amigo,
estes teus quase poemas são mais que perfeitos. da inabilidade de entender os desígnios maiores, a convicção de que o propósito é desnecessária ambição, esboroando-se por entre as mãos da essência: vivê-los.
um forte abraço, filósofo-poeta!
e isso já é tanto!
"espero vivo e amo
é-me bastante."
abraço
Ia dizer o mesmo que a Em@. Para não repetir, limito-me a assinar por baixo.
Para mim, tens o essencial!
Gosto dos teus sentires poéticos tão cheios de saberes que nos levam a questionar, a filosofar!
Lindo, jad!
Beijinho
Boa tarde, Jorge.
Poucas coisas serão piores na relação humana do que a arrogância. Não por ela em si (que já é suficientemente perniciosa) mas por aquilo de que se veste: a dissimulação ou, numa perspectiva moral, a mentira. A arrogância é a expressão da ignorância que, como explico aos meus alunos, não se reconhece e, por isso, se afirma como saber. Todos os que buscam e se buscam no caminho que vão inventando nas circunstâncias que são o seu viver sabem que não sabem e, por isso, buscam, buscam, buscam e ... vivem. Os pés no presente, a memória no passado, o olhar no futuro. E, assim, amam e se amam.
E, claro, há os amigos!
Obrigado, Jorge, há sempre uma luzinha no que escreves.
Abraço-te.
Boa tarde, Em@
Além de te endereçar também o que escrevi acima para o Jorge acrescento que essa trilogia (esperar-amar-viver) constituem o modo essencial de ser humano. Para mim, claro. Se espreitarmos bem cada uma delas dar-nos-emos conta certamente de que tudo o que de melhor fo(r)mos capazes de fazer está lá. Porque lá está sempre o outro e toda a eticidade que nos eleva acima da simples animalidade.
Gosto de te ver por aqui, Em@.
Abraço
Elenáro, boa tarde.
É para ti também o que deixei para o Jorge e a Em@.
Acrescento apenas que todas as certezas apenas o são porque ainda não fomos capazes de negar a verdade que as suportam. Por isso confiamos nelas na certeza de que, mais dia menos dia, deixarão de o ser. É essa instabilidade entre a certeza e a sua negação que nos desafia e nos põe a caminho.
Grato, Elenáro, com a tua presença.
Abraço.
Também para ti, JB, boa tarde. Também para ti o que escrevi acima para os outros amigos.
Apenas acrescento isto: há em nós todos que pensamos e escrevemos o que pensamos um destino ético que nos marca os passos de uma forma indelével. Pode ser mais ou menos interessante, pode ser mais ou menos significante mas, a partir do momento em que tem o outro como destino é habitado por esse imperativo que nos obriga a promover a vida, a "virtude", o bem. E se os destinados forem as crianças e adolescentes então o dever é absoluto. Por isso é que o que dizemos, escrevemos, fazemos nunca é inócuo quando é o outro o seu destino.
Abraço, JB. É-me salutar a tua presença aqui.
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