quarta-feira, 27 de outubro de 2010

(In)comunicação burocrática na escola 1. Burocracia na escola

"The choice is only between bureaucracy and dilettantism in the field of administration". Weber
"Só quem tenha tido o atrevimento de pedir a um computador que forneça uma lista completa de títulos sobre burocracia poderá ter a noção exacta da quantidade de papel já gasta na discussão do assunto, rivalizando em volume com a produção da própria burocracia."
Beetham

A consideração da escola como organização, não sendo unívoca, não deixa, contudo, de ser aceite como tal pela generalidade dos investigadores, quer sendo entendida como "organização burocrática" (na linha de Weber) ou "organização complexa burocrática" (Etzioni), quer como "organização formal" e "organização de serviços" (Blau e Scott), ou como "sistema aberto" (Thompson) e "contingencial" (Goodlad), quer ainda como "organização cultural" (Crozier e Friedberg), quer mesmo como "escola de serviço público" (Formosinho). É, pois, possível deparar com uma grande quantidade e diversidade de conceitos, de pontos de vista e de teorias sobre a escola como organização. Como veremos e a reduzida enumeração anterior faz antever nem todos os modelos assumem os mesmos princípios ou fundamentos, embora todos pretendam, por caminhos diferentes e até divergentes, atingir os objectivos e finalidades previamente definidos do modo mais fiel e adequado. Igualmente com os menores custos. Portanto, o mais eficaz e eficientemente possível.

Segundo Weber, eram também a eficácia e a eficiência que tornavam a racionalidade burocrática tecnicamente superior a todas os outras formas de organização, semelhante à superioridade da produção mecânica em relação à manual (é evidente a influência da racionalidade taylorista), uma vez que era mais rápida, clara e efectiva, além, naturalmente, da continuidade, da impessoalidade e da imparcialidade com que o funcionário desempenha as suas funções. Como consequência eliminam-se os favoritismos, os actos discricionários, os compadrios ou pressões pessoais. Para tal, recorre-se ao "império da regra" (à semelhança do "império da lei", na teoria do estado (Freire, 1993, p. 76). A burocracia pode ser, segundo o seu criador, o meio mais eficiente para organizar os recursos humanos de forma a obter os fins desejados. Tudo isto constitui os seus méritos.

Estaríamos, pois, perante um modelo perfeito, "aplicável a todas as espécies de tarefas administrativas" (Worsley, 1977: 305), (empresas, organizações de beneficência, hospitais, partidos políticos, forças armadas, escolas, etc.). A perfeição, porém, não é um atributo humano. O modelo weberiano está, por conseguinte, também marcado com o selo da imperfeição humana: tem virtudes e defeitos, méritos e limites.

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