sábado, 6 de março de 2010

"Podem ajudar-me a destruir a minha escola com os professores lá dentro?"

O que se segue é um documento impressionante sob variados pontos de vista: o discurso de uma criança de 9 anos, a relação com os adultos que a atendem ao telefone, a organização da comunicação da empresa e acima de tudo o desencanto da criança em relação à escola e aos professores porque, pelo que diz no telefonema (salvaguardando outras razões que nos escapam), lhe marcaram trabalhos da casa na sexta feira. "Ninguém gosta dos professores", proclama.
Voltam as questões aterradoras: que escola andamos a criar? Que crianças andamos a educar? Que mundo andamos a fazer? Que educação andamos a promover que leva uma criança de 9 anos a desejar a sua destruição com os professores lá dentro? Porque tem que fazer trabalhos de casa à sexta-feira ou porque estamos a educá-las para o desejo, para o prazer, para o sucesso esquecendo os seus opostos que os acompanham como sombras: a frustração, a dor, o fracasso?

Para ouvir e reflectir.



Agradecimentos à Otelinda.

7 comentários:

Em@ disse...

Jad:
Este é um vídeo de humor.É um telefonema-partida. Há diversos vídeos humorísticos da Becky.
Podemos questionar o tipo de humor, mas este telefonema não traduz uma situação real só quem o recebe é que não sabe que é uma partida.
Boa noite

Em@ disse...

Tens aqui vários exemplos de vídeos da Becky:
http://www.youtube.com/watch?v=mFWtg6gxZVU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=m6p71pvofXU&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=wzG-Risj1Sw&feature=related

jad disse...

Que fui apanhadinho não restam dúvidas. Que fui, como dizem no sítio onde moro, não apenas "inocente" mas "inocentezinho" também não. Que caí não como um pato mas como um ganso é uma evidência. Agora!

É verdade que, quando recebi o vídeo, estranhei o discurso mas... possivelmente fruto do desnorte da educação e dos problemas que vamos sentindo, enquanto sujeitos que a fazem e a pensam, encontrei aí um bom motivo para nos questionarmos sobre o que andamos a fazer como professores, adultos e governantes.

Apesar de ter sido "inocente", o que continua a perturbar-me é o facto de eu ter admitido o discurso do vídeo como possível. É a situação actual da educação ser tal que não desencadeou o espírito crítico, desconfiado, alimentado pela dúvida e pela premência do esclarecimento justificado e justificante. Por isso, continuo perplexo.

Porque, de facto, este é um tempo de muita perplexidade em muitos domínios e, muito mais, na educação. E, lamentavelmente, continuo sem otivos para deixar de pensar que
nos mantemos fora do jogo essencial da educação cujo é ajudar as crianças e jovens a crescer, equilibrados entre o desejo e a frustração, entre o sucesso e o fracasso, entre o jogo e o trabalho, entre o direito e o dever, entre o ensinar e o aprender.

Grato à Em@ pelo reparo cortês e ao Graza pela visita e, especialmente, pelo comentário atento e perturbador.

Abraço

Em@ disse...

jad:
se eu não tivesse lido disparates de pasmar acerca deste vídeo eu tinha,sem dúvida, aceite o teu repto e alimentado go quando dizesa "discussão".concordo contigo quando dizes que "nos mantemos fora do jogo essencial da educação que é ajudar as crianças e jovens a crescer, equilibrados entre o desejo e a frustração, entre o sucesso e o fracasso, entre o jogo e o trabalho, entre o direito e o dever, entre o ensinar e o aprender"...mas aí não podemos, também, esquecer o papel da família.
assusta-me preocuparmo-nos com o planeta que deixaremos aos nossos descendentes (e bem) e preocuparmo-nos menos(ou só poucos de nós nos preocupamos) com os descendentes que deixaremos ao planeta.
boa noite. e ri-te por teres sido apanhado pela becky ahahahah

Em@ disse...

xiiiiiiiiiiiii, o meu teclado endoidou e desatou a comer letras.
*...aceite o teu repto e alimentado logo o que dizes e alimentado a discussão..(seria + ao - isto o que eu queria dizer? não sei...eheheh

jad disse...

Boa tarde, Em@.

Ri-me no momento seguinte. No primeiro fui trespassado por um arrepio de vergonha por ter caído como um patinho. Depois dei por mim a justificar a ingenuidade com a parte infantil que não deixa de me acompanhar. Depois sim ri com a partida. Mas, confesso, foi um riso muito contido. Acho que me ri mais de mim do que da Becky.

Abraço

Graza disse...

Vergonha Jad? Porquê? Não acredita que os haja com QI, nem precisam de ser super-dotados para desenvolver aquele telefonema?
Não é preciso tanto. A peça está bem feita e é perfeitamente possível.

Não perca o excelente post do Tacci sobre o Leandro.

Abraço.