segunda-feira, 26 de julho de 2010

Caravaggio

Homenagem ao mestre do "tenebrismo"
no mês do 4º centenário da sua morte (18/ 07/1610).
(29/09/1571-Caravaggio - 18/ 07/1610-Lombardia , Porto Ercole)

Michelangelo Merisi nasceu na pequena aldeia lombarda de Caravaggio, cujo nome depois adotou. Aos 12 anos, seu pai, mestre de obras, o inscreveu no ateliê de Simone Peterzano, um modesto pintor que se intitulava "discípulo de Ticiano".

Por volta dos 15 anos, Caravaggio foge para Roma, onde passa de um ateliê a outro e troca inúmeras vezes de protetor. Suas primeiras obras conhecidas mostram independência em relação à representação católica tradicional e causaram escândalo, gerando conflito com os cânones artísticos da época e dividindo o público entre admiradores e inimigos.

Considerado tanto fascinante quanto turbulento, o artista estava sempre envolvido em duelos e discussões. "Não sou um pintor valentão, como me chamam, mas sim um pintor valente, isto é, que sabe pintar bem e imitar bem as coisas naturais", disse Caravaggio perante o tribunal que julgava sua primeira acusação de perturbar a ordem pública.

Após um período inicial de miséria, quando chegou a vender pinturas nas ruas, ele passa a trabalhar para o cardeal Del Monte, patrono da escola de pintores de Roma, a "Academia de São Lucas". Com um aposento no "palazzo" do cardeal e uma pensão regular, Caravaggio realiza uma série de importantes quadros de temática religiosa.

Uma das características mais importantes de suas pinturas é retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos usando o povo comum das ruas de Roma: vendedores, músicos ambulantes, ciganos, prostitutas. Outra característica marcante são os efeitos de iluminação criados pelo jogo de luzes e sombras, que causam um impacto realista em seus quadros.

Ele geralmente usava um fundo escuro e agrupava a cena em primeiro plano com focos de luz sobre os detalhes, ressaltando principalmente os rostos. Estes efeitos receberam o nome de tenebrismo.

Caravaggio frequentou tanto ambientes cultos e refinados como as tavernas romanas. Usava roupas extravagantes e chapéus de feltro com abas largas. Exibia uma espada na cintura e carregava um cachorro no colo.

Com a vida boémia e afundado em dívidas, começa a decadência. Recusa a oferta do príncipe Doria Pamphili para decorar uma parte de seu palácio (hoje sede da embaixada brasileira na Itália) e insiste em pintar "quadros verdadeiros", certo de encontrar compradores.

Sua situação piora em 1606, quando ele mata o nobre Tommasoni, durante um jogo de pallacorda, antepassado do ténis. Ferido, foge para Nápoles e enquanto seu perdão era pleiteado em Roma, se dirige à ilha de Malta, onde recebe a Cruz de Malta.

Pouco depois tem problemas com um nobre maltês e é preso. Ajudado por amigos, foge para a Sicília. Muda de cidade seguidamente: de Siracusa a Messina, daí a Palermo, depois retorna a Nápoles, no outono de 1609.

Os sicários do cavaleiro maltês ultrajado descobrem, porém, seu esconderijo e, perto de uma taverna, ferem-no a espada. Recolhido e medicado, convalescia quando a notícia de que o papa estava prestes a conceder-lhe perdão e permitir-lhe o regresso a Roma animou-o a deixar Nápoles por via marítima.

Todavia, não totalmente recuperado, vertendo sangue e minado pela malária, Caravaggio morre numa praia deserta próxima de Roma, aos 39 anos.

5 comentários:

Jorge Pimenta disse...

pois, eis-me aqui de visita a um lugar sagrado: o teu blogue. e que post, este! caravaggio, exímio (re)criador de luzes e sombras. como não gostar?
um abraço!

jad disse...

Bem-vindo, Jorge a este cantinho da terra, simples e imperfeito como o seu autor. Bem-vindo, sempre bem-vindo, a este lugar que nasceu para receber os amigos à volta de algumas ideias que me vão ocupando e com quem as partilho.

Mas... sagrado, Jorge?! Não, certamente, no sentido que Caillois lhe dá: "o sagrado é aquilo do qual não nos aproximamos sem morrer". É outro o sentido, claro. E fico de queixo pendente.

Muito grato, poeta.

Abraço.

Jorge Pimenta disse...

querido amigo, sagrado porque as passagens por aqui são rituais incontornáveis. (ups, acho que acabo de tocar ao de leve a esfera do profano com esta definição, hehe!)
um abraço!

Jorge Pimenta disse...

querido amigo, sagrado porque as passagens por aqui são rituais incontornáveis. (ups, acho que acabo de tocar ao de leve a esfera do profano com esta definição, hehe!)
um abraço!

Marcio Teixeira disse...

Caravaggio é um dos pintores quem mais adoro e que acho as obras primas dele muito agradavel pois é que vem de insiparações de Eduardo Afonso Perotto pois seguia a acadeia de São Lucas .