26.
Invadiste-me
a alma
com a tua ausência
Cobriste-me
o olhar
com a noite sombria
dos dias obscuros
em que te não via
Habitas-me
o corpo
vazio de gestos
calcando a sombra
dos passos incertos
condenados
num requiem sem remédio.
Dizes-me
ao ouvido
segredos da vida que não viveste
dos sonhos que não inventaste
no tempo da tua ausência
Escuto-te
o olhar
na voz que mora em cada célula
da memória que me percorre
e deixo-me possuir pelos rios de luz
que brotam das noites claras
em que nos abençoávamos
no silêncio sem mácula dos sonhos
que vivíamos
Falas-me
ao ouvido
nas noites de tempestade
em que os fantasmas acordam desesperados
e me atormentam os sonhos
com a tua ausência.
Escuto-te
e sorrio
aninhado no regaço da tua presença.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
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6 comentários:
ah, jad! nem vou te dizer nada,
teu poema (que lindo poema!!) tem eco em mim...
grande abraço
a estética da ausência - na circunstância, da semi-presença.
os efeitos do nada (que foi tudo) na alma... as palavras-memória sobre as linhas do olvido... o traço sanguíneo no corpo do poema... e a recorrente necessidade de renascer... inevitavelmente. sozinho, mais seco, mas ainda mais forte.
um abraço, caro amigo!
Que bom, Andrea, receber o silêncio como sorriso das palavras que dizemos.
Muito grato.
Abraço
Enacantado, Jorge, com a tua leitura do "talvez poema". Há uma "metafísica existencial" que atravessa o que escrevo fora dos textos académicos e que poderia sintetizar-se nesta dimensão incerta da vida que nos é dado viver.
Abraço.
Seria possível isso não ser um poema? Em que nicho estaria, então, entre a prosa, a canção, a música e a emoção-que-encontra-o-pensamento-que-encontra-palavras?
As palavras se rebelam contra essa condição de incerteza. Poema sim. Dos bons.
Cordial abraço!
Jad, só vim até aqui para te dizer que assino embaixo das palavras do marcantonio. (estou tentando que vocês se enxerguem..rs)
um abraço pra ti
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