Este texto tem por base um comentário feito para o Profavaliação (http://www.profblog.org/). Na discussão que se desenvolveu a partir do post de Ramiro Marques sobre ”o peso do factor X”, factor correspondendo à influência que a leitura de “Uma Aventura”, que acompanhou muitos dos professores com menos de 35 anos, poderá ter na aceitação da ministra da educação Isabel Alçada por parte dos professores, Wegie, a certa altura coloca a seguinte questão: “ A Geração X também é conhecida por Geração Peter Pan. Poderemos falar então de um factor Peter Pan?” O que se segue é a minha resposta a essa questão.
Penso que sim, que há um factor (ou complexo) Peter Pan na educação e que se prende com dois ou três aspectos que me parecem acompanhar a actividade docente:
1. Há como que uma interrupção do devir temporal no facto de todos os anos trabalharmos com alunos que têm sempre 5, 7, 12, 15, 20, 25 anos. Mesmo sendo outros, a idade é a mesma. Claro que, quando nos aparecem mais tarde como colegas ou os encontramos noutras funções, descobrimos que estão mais velhos e nós, enfim, com sobressalto, acabamos por reconhecer que "já passaram uns anitos". Velhos é que não!
2. Temos um medo terrífico da nossa sombra que, evidentemente, procuramos encerrar num qualquer sítio para que não nos atormente. São as dúvidas, a imponderabilidade do que nos escapa ou, simplesmente, questiona as certezas que nos iluminam. Não faltam exemplos [a ilustrar este medo de duvidar, este medo de pôr permanentemente em dúvida as certezas em que fundamos os saberes que organizam o nosso modo de ser, pensar, dizer e fazer. Este medo, enfim, de que a sombra nos anteceda e nos escape].
3. Não desejaremos viver eternamente, como professores, na "Terra do Nunca", onde o "Capitão Gancho" não possa de modo algum atingir-nos? E isso não é um desejo que pretende perpetuar um estado de graça que nos permitisse continuarmos a voar? Que nos permitisse continuar a sonhar e a viver no sonho?
Todos sabemos que não crescemos matando Peter Pan.
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3 comentários:
Boa, Jad!
Obrigado, Lelé Batita, pelo comentário e pela visita.
Volte sempre.
Devo acrescentar que é um gosta vê-la cá. Tenho visitado o seu "Perola de Cultura", etnho lido os seus comentários no "Profavalição" e é um gosto vê-la aqui.
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