terça-feira, 13 de outubro de 2009

Talvez Poema

8.
Do velho que estende a mão à indiferença apressada
que agita os passos de quem passa
e todos os dias habita a esquina da rua
onde gente sem rosto faz compras apressadas
nada sei além de que usa óculos escuros mas não é cego,
usa bengala mas não coxeia,
traz banco desdobrável mas não se senta.

É velho
estende a mão à indiferença dos passos apressados,
guarda as lágrimas na escuridão dos óculos
e deposita-as inteiras
no quarto onde adormece a solidão dos dias
que a sombra há-de abandonar
e a esquina desabitar.

Faltará então à indiferença
dos passos apressados a mão estendida.

E toda a gente notará.

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