O poema habita o silêncio
na palavra que o homem inventa.
Quando a palavra justa
numa obsessão avassaladora de silêncio incontido
invade o homem
nasce o mundo
que ele é capaz de criar.
Nesse momento único
liberta-se a centelha divina
e o poeta nasce.
O poeta é filho do poema
voz do silêncio primordial
onde tudo começa
e o mistério mora.
Olha o mundo
com a obstinada lucidez da alma perturbada
com que busca a luz plena das coisas
que o habitam
e queda-se espantado
ante a imperfeita palavra
com que pinta o arco-íris.
Cria a ordem do mundo na força cosmogónica
da palavra habitada
e respira o azul da maresia
nas ondas esmagadas como um destino
no cais
onde homens e barcos se confundem
no fado
que é seu no ir e voltar na folha
onde navega
perdido
no nevoeiro onde todos os astrolábios são inúteis.
O poeta sonha
e na brancura habitada do sonho
inventa o amor
inventa a palavra
grávida
do mundo que há-de vir.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
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6 comentários:
Meu caro Jad:
è só um instantinho muito breve para te dar as boas vindas e desejar que o teu blog cresça feliz e saudável como se fosse um filho... ou, vá lá, no mínimo um cachorrinho de muita estima.
Um abraço.
Muito obrigado, Tacci. Que seja, então, um cachorrinho com o arco-íris como coleira. Encanta-me imaginar um cachorro serra da estrela, pêlo comprido, de orelhas a abanar, saltando de estrela em estrela com o arco-íris como coleira. Belíssimo! Bem-vindo!
também vinha dar as boas vindas e como presente deixo-lhe no meu blog a casa onde gostaria de fazer crescer um espaço cultural
Obrigado,Ana. Bem-vinda. Tenho visitado sorrateiramente os seus blogues sem deixar rasto. Sou um neófito na blogosfera e, por isso, dos blogs que visito, apenas tenho deixado presença no Portugal, caramba, do meu amigo Tacci. Parece-me que começo a familiarizar-me com a tribo e vou, pouco a pouco, passar a deixar o meu rasto.
Vai certamente ensinar por aqui alguma coisa a alguém, mas também sei que aprenderá por aqui, quanto mais não seja porque é uma fatalidade inerente à vida.
Seja bem vindo também.
Muito obrigado, Graza.
O ensinar e o aprender (eu uso sempre o verbo, não o substantivo) são as duas faces do mesmo rosto: a educação. Quando digo "gosto de acreditar que ajudo os meus alunos a crescer com o que lhes ensino" é, essencialmente, para acentuar que há uma dimensão moral e ética no modo como os mais velhos - os adultos, para abreviar - devem ajudar os mais novos - crianças e jovens, também para abreviar - a aprender o que nos identifica como homens em todas as dimensões. Isto é o que eu entendo por ensinar. Sem medo do conceito, que, como sabe, esteve durante muito tempo arredado da reflexão pedagógica e educativa. Digo ensinar e não o ensino exactamente, como Graza diz, porque é dinâmico, activo, construtor de novos modos de ser, de pensar, de dizer e de fazer, intimamente ligado ao aprender também ele dinâmico, activo. Não são um estado, como um substantivo.
Bem-vindo ao Nós.
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