sábado, 4 de julho de 2009

Depois queixam-se?!...

Que a justiça é um dos mais importantes sintomas da saúde da cidadania e da democracia é do senso comum. Que esses sintomas se manifestam no modo como os cidadãos se sentem tratados e como o são de facto é também do senso comum. Que quando os sintomas indiciam doença deverão procurar-se os meios mais adequados para tratar a doença, e, sobretudo, impedir que ela chegue a manifestar-se é igualmente do senso comum e do bom senso. Que apenas os néscios não só não se preocupam com os sintomas como não fazem nada para cuidar dos problemas que os manifestam, continua a ser do senso comum e do bom senso.

Então, o que diríamos dos sujeitos que, ao longo de anos, de décadas até, não ligaram patavina aos pequenos sinais que indiciavam uma doença insidiosa que, uma vez manifesta, é muito, muito difícil de tratar?! Pois... há muitos adjectivos, não há?!

Que diremos pois do resultado do inquérito promovido pela SEDES, referenciado nos blocos informativos da TSF, que dá conta da profunda descrença dos cidadãos portugueses na justiça e nos políticos? Que havemos de dizer quando a população de um país - os cidadãos - acham que a justiça não os trata de modo igual, que protege (porque estou a citar de memória não sei se o termo é este mas o sentido é-o) os ricos, os políticos e os poderosos em detrimento dos mais pobres e mais fracos, que o Estado e as suas instituições deviam proteger, exactamente, porque são mais fracos?

Que diremos da convicção dominante segundo a qual os políticos se preocupam essencialmente consigo próprios em vez de defenderem o bem comum, a coisa pública, a res publica, a república?
Depois queixam-se do absentismo na escola, no trabalho, no cumprimento dos deveres sociais, nas eleições?!

Depois queixam-se do desinteresse generalizado pelo que não é exclusivamente do foro pessoal e individual?!

Queixam-se da indisciplina e da violência, expressões primárias do desrespeito pelo outro, isto é, por tudo o que não sou eu?!

Queixem-se, queixem-se! Entupam os serviços de urgência da solidariedade, do respeito, da tolerância, da liberdade e da responsabilidade, sua filha, e procurem fora o remédio que está dentro de cada um (especialmente dos que têm responsabilidades sociais de promoção do bem comum...) e depois queixem-se quando já ninguém os levar a sério!...