segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Talvez Poema

16.
Palavras

Parece-me
tão estranha a cadência das palavras
que me assaltam os dedos
que me pergunto
donde nascem
o que pretendem
que força as habita que me arrasta
os gestos
além do corpo que os prende,
me assalta
a voz
além do som que as solta
e me cria
o pensar
além do esforço que o produz.

Creio nas palavras como seres
que vivem
sonham
amam
(e os seus contrários também)
e respondem à nossa estima
com a revelação do silêncio donde nasceram.

2 comentários:

Em@ disse...

também eu! também eu!
Estranho isto, não é?

jad disse...

E não devemos ser os únicos.

Sabes, Em@, estou convencido que o estudo da língua centrada na sua estrutura linguística e gramatical a tem esvaziado do seu carácter mais dinâmico e vivo, capaz de responder às perguntas que lhe fizermos, ou melhor, que formos capazes de lhe fazer.

Claro que este descentramento em relação à linguística implicaria um centramento em relação à hermenêutica e à pragmática. Mas aí desviávamo-nos de uma pretensa análise rigorosa e objectiva do texto que a linguística conseguiria. Como se a análise da língua que se centra nos -emas nos desse o que a plurivocidade e polissemia da palavra comporta...

É o que procurei resumir no post sobre a leitura. penso voltar a este assunto, que meparece fundamental para quem usa a palavra como o mundo em que todo o saber se faz.

Abraço