segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Poema

Os amigos

Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura

Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

José Tolentino de Mendonça
De Igual Para Igual

2 comentários:

Graza disse...

... e agora nesta porta:
- Está muito frio Jad! Não abra. Boas Festas!

jad disse...

Obrigado, Graza. Boas festas também para si.