quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Excelentíssimo 2010

1969 - 40 anos

Há 40 anos foi Bridge over troubled waters ao vivo e a indispensabilidade dos amigos.

Para eles este hino.
Para que o ano que está a nascer se faça de pontes e de abraços, de pontes que são abraços.

When you're weary, feeling small
When tears are in your eyes,
I will dry them all
I'm on your side
When times get rough
And friends just can't be found

Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Like a bridge over troubled water
I will lay me down

When you're down and out
When you're on the street
When evening falls so hard
I will comfort you
I'll take your part
When darkness comes
And pain is all around

Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Like a bridge over troubled water
I will lay me down

Sail on silver girl
Sail on by
Your time has come to shine
All your dreams are on their way
See how they shine
When you need a friend
I'm sailing right behind

Like a bridge over troubled water
I will ease your mind
Like a bridge over troubled water
I will ease your mind

Mendelsshon

Antes que o ano termine, homenagem a Mendelsshon numa das suas mais brilhantes composições.
No segundo centenário do seu nascimento e por nos ter mostrado o génio de Bach.

1969 - 40 anos

Há 40 anos foi um enorme "passo para a humanidade”.

Antes que o ano termine.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Talvez Poema

Para os meus amigos neste fim de ano e início de outro com tudo o que desejarem.
Vivam os amigos!
--
12.
Amigos

Os amigos amparam-nos
os passos
que a vida nos dá

Invadem-nos os dias
como rizomas subterrâneos
que – sabemo-lo bem – brotarão
em flor
no tempo oportuno

Os amigos regam-nos
o sorriso
que a vida nos dá

Escolhem-nos como sua morada
e habitam-nos o silêncio
dos dias sombrios em que a solidão
se torna o espelho
que já não nos reconhece

Os amigos não morrem
somos nós que morremos
na morte deles

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

1969 – 40 anos

Agora que o ano e a década se precipitam para o seu fim deliciemo-nos com algumas das músicas que aqueceram corpos e almas que se atropelavam em garagens e festas entre explosões de palavras e hormonas adolescentes.





quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Que o sonho se cumpra

Feliz Natal para todos!

Música simples, palavras simples...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Poema

Os amigos

Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura

Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

José Tolentino de Mendonça
De Igual Para Igual

Do Silêncio e da Memória

De todas as pérolas guardadas no fundo de nós, o silêncio é, certamente, uma das mais preciosas. Irmão do vazio, da ausência, do não-ser, o silêncio habita-nos no mais íntimo da nossa humana fragilidade. E nós, atentos viajantes deste humano peregrinar, voltamo-nos para dentro e, no silêncio de nós mesmos, buscamos a mais profunda ligação, harmonia, paz. E a luz também. E, nessa luz, que nos habita e transcende, buscamos o Sentido, o Caminho, a Verdade, a Vida. E encontramos, no mais íntimo de nós, no mais profundo esvaziamento de nós, a secreta morada de Deus. Nessa morada repousamos os dias que nos ocupam a vida. Nessa morada encontramo-nos protegidos e amados como no ventre da mãe. A ela regressamos quando o ruído dos dias nos esvazia de nós. Nos alheia de nós. E gostamos. Gostamos de ver nos olhos fechados a luz que nos inunda, nos invade, nos possui. Gostamos de sentir a inefável quietude do silêncio que nos habita. Gostamos do amor que nos liga ao mundo nessa solene musicalidade divina. E re-inventamo-nos. E re-nascemos no sonho do re-encontro, da re-ligação. E, assim renascidos, revigorados, reforçamos a nossa fugaz historicidade. Reconhecemo-nos humanos, limitados, imperfeitos. Em construção. Dignos da luz que se faz no silêncio de nós mesmos. Capazes de amar. E damo-nos conta que todos os mestres viveram o silêncio, amaram em silêncio, amaram o silêncio. Todos os místicos buscaram, no mais íntimo de si mesmos, a luminosa comunhão com a Luz, a Verdade, a Vida. Todos os religiosos desejaram a primordial re-ligação com o Sagrado, o Espírito. Com Deus. E ouvimos o dizer de Sto Agostinho: ”Se Deus não estiver no teu coração, não está em parte alguma”. E compreendemos que o deserto é o silencioso esvaziamento de nós para connosco nos encontrarmos. E olhamos para fora e vemos o outro como igual, habitado da indelével beleza do silêncio que comungamos. E ouvimos o silêncio na plena musicalidade poética da Palavra. E sabemos da força solidária dos braços que se abrem, da dádiva encantada da voz que nos embala, da disponibilidade gratuita do sorriso que se abre, da serena coragem despojada de nós, do sonho que na vida se faz, do caminho, do caminhar, do chegar, do partir. Do amar. Do viver. E sabemos da íntima fraternidade partilhada na mais profunda comunhão, sabemos do encontro nas raízes do que somos, do outro que em nós nos fazemos, de nós que no outro se dá, da festa que no abraço se instala, da ternura, do pão, do vinho. Dos amigos. Dos irmãos. E sabemos que não estamos sós!

Deixamos entrar a memória e vemo-nos no silêncio solene da oração, no silêncio partilhado da refeição, no silêncio apaziguado do sono. Vemo-nos no silêncio majestoso da montanha, no silêncio reservado do retiro, no silêncio habitado do sonho. E sentimos a força do silêncio antigo em cada mergulho na mais íntima memória de nós. E recordamos os amigos. Os que chegaram, os que partiram, os que ficaram. E encontramo-nos no abraço cúmplice da memória que nos une. E sentimo-nos gratos e honrados por termos vivido tudo isto entre mestres e amigos nos nossos verdes anos.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Da Inutilidade dos Professores

Não é propósito de “Nós” publicar textos longos. Abrimos a primeira excepção para esta ficção que lemos no “De rerum natura”.

Sem preâmbulo, sem considerações, sem constrangimentos.
Ei-la:

O ano é 2.209 D.C. - ou seja, daqui a duzentos anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:

“Vovô, por que o mundo está acabando?”. A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:

“Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.

“Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?”

O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.”

“Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?”

“Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.”

“E como foi que eles desapareceram, vovô?”

“Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa. Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer: «estou pagando e você tem que me ensinar, ou «para quê estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você», ou ainda «meu pai me dá mais de mesada do que você ganha.» Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo gerenciar a relação com o aluno. Os professores eram vítimas da violência física, verbal e moral que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério. Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas bem sucedidas eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas... Ah, mas teve um fator chave nessa história toda. Teve uma época longa chamada ditadura, quando os milicos colocaram os professores na alça de mira e quase acabaram com eles, que foram perseguidos, aposentados, expulsos do país, em nome do combate aos subversivos e à instalação de uma república sindical no país. Eles fracassaram, porque a tal da república sindical se instalou, os tais subversivos tomaram o poder, implantaram uma tal de educação libertadora que ninguém nunca soube o que é, fizeram a aprovação automática dos alunos com apoio dos políticos... Foi o tiro de misericórdia nos professores. Não sei o que foi pior «os milicos» ou os tais dos «subversivos».

“Não conheço essa palavra. O que é um milico, vovô?"

"Era, meu filho, era, não é. Também não existem mais..."

sábado, 5 de dezembro de 2009

1969 - 40 anos

Em 1969 foi On the Threshold of a Dream e To Our Children’s Children’s Children  com Watching and Waiting

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Talvez Poema

11.
Livros

Leio
como quem olha o espelho
em busca de si próprio.

Uns ajudam, outros não.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

A necessidade de um “Dia Internacional” dedicado à pessoa com deficiência impele-nos a um questionamento sobre o sentido do humano a que nos é difícil, ou mesmo, impossível escapar.
O que fizemos da humanidade alimentada em tantas tradições morais, éticas, religiosas, filosóficas e mesmo científicas que nos foram apontando o outro como merecedor de toda a dignidade e atenção, justamente porque sendo outro para mim, eu sou outro para ele e, por isso mesmo, somos idênticos na diferença?

O que fizemos dos prementes apelos dos sábios que atravessaram o tempo e nos acalentaram o destino com as vozes vociferantes contra a exclusão?

O que fizemos dos sonhadores que nos alimentaram o presente com a utopia fundadora de reinos de uma só lei: “Faz aos outros o que queres que te façam a ti”?

O que fizemos dos homens que nos habitaram os dias com seus ideais fundadores da humanidade em que nos quisemos inventar entre o respeito e a liberdade?

Sucumbimos aos fantasmas que nos invadiram as noites e nos comeram a coragem com que aniquilámos a diferença que nos perturbava o espelho?

Desertámos das ruas que transbordavam de ideias e crenças em que se fundavam novos mundos de muitas cores e vazios de fronteiras?

Hipotecámos a terra em troca de um centro narcísico, construído à imagem de um poder narcísico autofágico?

A criação de um “Dia Internacional” não pode deixar de nos inquietar.


Aqui, no Nós, fazemos a apologia da diferença como condição ética do nosso modo humano de ser e o respeito, a solidariedade, a tolerância e a liberdade como esteios fundantes da nossa humanidade.

Como exemplos da diferença com que nos fazemos aqui ficam quatro exemplos (a acrescentar ao dedicado a Bento Amaral) de homens e mulheres que nos fazem acreditar na beleza, na arte, no amor. Na vida que se faz na diferença. No homem que se faz no respeito.

1.



2.



3.

Um deficiente com paralisia cerebral, doutorado em electrónica e computação, criou um software especial que permite que um deficiente que tenha dificuldade em se comunicar se possa fazer entender.

Lançado, esta quinta-feira, no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o Easy Voice – Atendimento Sem Barreiras vai ficar instalado no serviço de passaportes do Governo Civil de Faro e permitirá a síntese da voz para este tipo de deficientes.

Fonte

4.